Recebi esse
texto por e-mail e achei o conteúdo digno de ser publicado... Boa Leitura!
Sobre a
autora: Leila Ferreira - Jornalista mineira com Mestrado em Letras e Doutora em
Comunicação em Londres, e que optou por viver uma vida mais simples, em Belo
Horizonte
"Estamos
obcecados com 'o melhor'. Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje
só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o
melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular,
o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta. O ideal é ter o top de linha,
aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir
importantes, porque, afinal, estamos com 'o melhor'. Isso até que outro
"melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso
acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E
o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que
podemos ter. O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a
viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno
desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de
olho no que falta
conquistar
ou ter.
Cada
comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada
artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão
vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí
a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor
tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o
menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso
realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho,
tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de
estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades
da comida de casa e vou porque tem o 'melhor chef'? Aquele xampu que usei
durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes
mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo
"melhor cabeleireiro"?
Tenho
pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e
nos impedido de desfrutar o 'bom' que já temos. A casa que é pequena, mas nos
acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está
velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz
mais felizes do que os homens 'perfeitos'. As férias que não vão ser na Europa,
porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem
amo... o rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me
constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será
que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e
na busca do 'melhor' a gente nem percebeu?"
Sofremos
demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.(Shakespeare)
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