Estudos científicos comprovam o efeito inibitório dos óleos essenciais de
tomilho e hortelã-pimenta sobre esta tão temida bactéria.
Apesar de todos os avanços tecnológicos no setor alimentício, vez ou outra
surge a notícia de que um determinado alimento sofreu contaminação durante seu
processo de produção. Cientistas apontam que cerca de 30% das pessoas que vivem
em países industrializados sofrem de intoxicação alimentar a cada ano. No ano
2000, cerca de 2 milhões de pessoas morreram em decorrência de intoxicação
alimentar em todo o mundo. A bactéria Escherichia coli faz parte da microbiota
normal do intestino em grandes números. Cada pessoa evacua cerca de 3 trilhões
de bactérias E.coli diariamente. A doença ocorre devido à disseminação, noutros
órgãos, das estirpes intestinais normais.
A presença de E.coli em água ou alimentos indica contaminação por fezes humanas
ou de outros animais. A maioria das doenças é devido a E.coli vindas de
indivíduos diferentes e, portanto, de estirpes diferentes, não reconhecida
pelos linfócitos. As intoxicações alimentares em particular são quase sempre
devidas a bactérias de estirpes radicalmente diferentes. Por exemplo, se um
turista brasileiro ingerisse uma salada mal lavada em algum país europeu, com
certeza apanharia uma intoxicação alimentar severa de uma E.coli para a qual
não tem defesas. Isso acontece, pois o tipo de E.coli encontrada nesses países
é suficientemente diferente das E.coli encontradas na América do Sul e,
portanto, não consegue ser reconhecida pelo organismo do nosso turista
brasileiro. É a famosa “doença do viajante”.
Para o experimento, foram coletadas amostras de E.coli no Departamento de
Higiene de Alimentos e Controle de Qualidade da Universidade Azad em Trabiz,
Irã. Os óleos essenciais de tomilho e hortelã-pimenta foram adquiridos através
de destilação sob um rigoroso controle de qualidade, a fim de garantir as
propriedades dos compostos. Os óleos essências selecionados foram submetidos
também à cromatografia, a fim de se estabelecer a concentração dos componentes
de cada óleo, já que esta pode variar de acordo com as condições climáticas,
acidez do solo, etc.
As amostras de E.coli foram submetidas aos óleos essenciais de tomilho e
hortelã-pimenta em diferentes concentrações. As placas contendo a cultura de
bactérias já aspergidas com os óleos essenciais permaneceram a uma temperatura
de 37°C durante 24 horas.
Os resultados indicaram que os óleos essenciais de tomilho e hortelã-pimenta
tiveram uma grande atividade bactericida sobre as culturas de E.coli. Baseados
nos resultados da composição química, concluiu-se que a natureza bactericida
destes O.Es se devem à presença de componentes como Timol, Carvacrol (no
tomilho) e a-Terpineno, Isomentona, Piperitona e Carvona (no hortelã). As
culturas nas quais foram utilizadas as menores concentrações de O.e. foram as
que obtiveram os melhores resultados.
Hortelã-pimenta (Mentha piperita)
Os cientistas concluíram então que, os resultados observados com a utilização
destes óleos essenciais se devem, sobretudo, à configuração química dos
componentes, à proporção em que estão presentes e à interação entre os
compostos. Os estudiosos ressaltam ainda que, houve um resultado melhor quando
os dois óleos foram utilizados em conjunto. O experimento com o O.E. de tomilho
ou hortelã utilizado separadamente obteve um poder bactericida menor.
De acordo com os resultados, os óleos essenciais de tomilho e hortelã-pimenta
ou até mesmo suas folhas frescas podem ser, inclusive, utilizados em escala
industrial como compostos antibacterianos naturais, preservando os ingredientes
e as propriedades dos alimentos e/ou produtos farmacêuticos contra a E.coli,
diminuindo assim o risco de intoxicação alimentar.
Referências:
ETEGHAD, Saeed Sadigh; KAHNAMUI, Saeed; POUR, Farzam Saeed; MIRZAEI Hamid.
Inhibitory Effects of Endemic Thymus vulgaris and Mentha Piperita Essencial
Oils on Escherichia Coli O157:H7. Research Journal of Biological Sciences 4
(3), p.340-344. Medwell Journals, 2009. Disponível em: http://www.medwelljournals.com/fulltext/?doi=rjbsci.2009.340.344
MURRAY, Patrick R. Microbiologia Médica. 4ª ed. [S.l.]: Elsevier, 2004.
Sites:
LIBER HERBARIUM - Guia incompleto das plantas medicinais. Disponível em: http://www.liberherbarum.com/IndexS22.htm
Fran Machado
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