“Nada é. Tudo está.”

17/09/2012

Terapias do amasso

Ela já foi vista como luxo. Hoje, sua função terapêutica é conhecida e demonstrada em pesquisas, e seus preços são até acessíveis.Nem por isso a massagem deve ser consumida sem informações prévias e indicação certa
Luiza Sigulem/Folhapress
Lidiane Gebara, da Universidade Anhembi Morumbi,
faz massagem com bambu na estudante Gabriela Nachbar


JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

Massagem deixou de ser artigo de luxo. Sites de compra coletiva estampam pacotes em spas e clínicas a preços baixos.
No Peixe Urbano, por exemplo, a oferta de massagens relaxantes aumentou 500% em um ano (comparando o último trimestre ao mesmo período de 2010), segundo o site.
O Spa Week, evento que oferece esses serviços a preços promocionais por duas semanas, já chegou à quinta edição no Brasil e se espalhou por cinco Estados. Graças a isso, 20 mil pessoas pisaram em um spa pela primeira vez na vida até a penúltima edição, em abril deste ano.
A última edição foi neste mês, mas os números não estão fechados. "Estão crescendo. A cada edição 60% dos atendidos são novos clientes", diz Elaine Vieira, da Associação Brasileira de Clínicas e Spas.
A popularização tem seu lado bom: torna as técnicas de massoterapia mais conhecidas. "As pessoas têm mais consciência de que podem recorrer a esse recurso terapêutico sempre que precisarem e começam a abandonar a ideia de que massagem é esotérica", diz Afonso William Ribeiro, presidente da Associação Nacional dos Terapeutas.

COMO UM PRODUTO
O lado ruim é que muitos compram terapias como se fossem produtos. "Toda massagem tem indicação e contraindicação", diz Perla Teles, fisioterapeuta e membro do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
"Muitos compram pacote sem conhecer o local, a técnica e o profissional."
A maioria das massagens é contraindicada em casos de câncer, doenças de circulação e de pele. "Quem tem problema vascular e não fez consulta prévia pode sofrer embolia pulmonar na drenagem linfática", diz Teles.
Ninguém deve sair da sessão pior do que entrou, diz o terapeuta Afonso Ribeiro. "A pessoa pode sentir uma dor durante, mas não ficar dolorida depois."
Uma questão é a qualificação profissional. Massoterapia não é regulamentada e cada técnica exige conhecimento específico.
A massagem ayurvédica, por exemplo, deve ser orientada por alguém que tenha conhecimentos profundos em medicina ayurveda, explica Homero de Azevedo, da Academia Internacional de Ayurveda Yoga do Brasil e Terapias Integradas. "É preciso entender de fitoterapia, além de conhecer o perfil da pessoa. Ayurveda não é massagem com óleo quente."
Segundo Azevedo, o melhor é fugir de pacotes que não incluam pré-consulta ou ao menos o preenchimento de um questionário.

BENEFÍCIOS
Quando bem aplicada, a massagem relaxa, ajuda a tratar o estresse e a dor crônica, segundo a fisiatra Marta Imamura, do Hospital das Clínicas de SP.
Ela foi coautora de uma revisão de estudos científicos sobre os benefícios da massagem no tratamento da dor lombar inespecífica -sem causa determinada.
O artigo avaliou 13 estudos. Em oito, a técnica foi comparada a tratamentos como acupuntura e fisioterapia. A massagem foi tão ou mais eficaz que os outros. "A dor causa contração muscular. A massagem relaxa o músculo e aumenta a circulação sanguínea."
Os resultados dos estudos foram com tratamentos mais longos (duas sessões por semana por dez semanas), mas uma só sessão já traz efeitos.

Colaboraram IARA BIDERMAN e GUILHERME GENESTRETI

FOLHA.com
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