“Nada é. Tudo está.”

27/01/2012

Depressão




Depressão também é coisa de criança

Falta de estímulo em atividades normais e irritabilidade nem sempre é sinal de preguiça ou falta de educação

Quando vemos uma criança fazendo birra quase sempre pensamos que elas são preguiçosas e mal-educadas. Mas, em alguns casos, esse comportamento pode ser sinal de depressão. O transtorno depressivo também pode se desenvolver em crianças, ocorrendo mudanças de humor capazes de comprometer seu desenvolvimento, interferindo no processo de maturidade, tanto psicológica, quanto social.

De acordo com a psicóloga infantil Maria de Fátima do Amaral Medeiros Câmelo, a depressão pode acontecer em pessoas de qualquer idade, podendo se apresentar de uma forma mais branda, com a duração de cerca de duas semanas, ou grave, em um período mais longo. "Essas pessoas são capazes de continuar com suas atividades sociais ou domésticas. Em criança é mais difícil diagnosticar, pois as pessoas têm a imagem de que a infância é um período de puro prazer e magia, mas em algumas realidades e vivências, ela pode ter perdas que não foram reparadas e, em ambiente que favoreça essa tendência, se o problema não for tratado, essa criança, quando adulta, poderá ter esse episódio de depressão facilmente repetido.

São diferentes as manifestações da depressão nas crianças e nos adultos. Nas crianças, a depressão não é muito fácil de ser diagnosticada, exatamente por ser confundida com rebeldia, agressividade e preguiça. Os mais novos, devido à falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a depressão atípica, apresentada através da hiperatividade.

A depressão infantil pode ter início com a perda de interesse pelas atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes, brincar com os amigos, etc. "A criança deprimida apresenta uma tristeza profunda e por um longo tempo, diferente da tristeza natural. Também pode deixar de dormir, de se alimentar ou até evidenciar sinais físicos, como dificuldades respiratórias ou alergias. Por dormir menos, ela pode passar a chorar mais e se mostrar irritada. Se a criança está em idade escolar, pode se sentir incapaz de realizar as atividades e tarefas, trazendo consequências negativas para sua autoestima e para seu desempenho" completa a pscóloga. Tais sintomas podem ocasionar cefaléias, tonturas, taquicardia, sudorese, entre outros.

É muito importante para o diagnóstico, como forma de complementação e auxílio do mesmo, observar os sintomas através de desenhos e testes. O desenho é uma das melhores maneiras de avaliar a criança.

A partir dele pode-se obter várias informações sobre a criança, os familiares e a dinâmica familiar, que permitirão elaborar um diagnóstico e definir o processo de intervenção. Dependendo do caso, pode-se aplicar também testes específicos, constituídos por 10 lâminas, cada uma contendo uma história elaborada pela criança. Essas histórias têm um grande valor, pois traduzem sintomatologia depressiva, quando houver, que muitas vezes passa despercebida. Após a realização desses testes, deve-se iniciar processo ludoterapêutico, em se tratando de crianças menores e, no caso de adolescentes, terapia cognitivo-comportamental.

Terapia familiar também é muito importante. Nesse momento o psicólogo passa a conhecer a extensão familiar, buscando a causa da depressão, tendo uma intervenção direta. "É fundamental uma psicoterapia, para a própria criança e sobretudo para o meio familiar, que deve aceitar e se mostrar capaz de manter o tratamento. A ajuda trazida aos pais é tão importante quanto para as crianças. A terapia conjunta mãe-filho é particularmente dinâmica nos pequenos de dois a seis anos. Quando a abordagem relacional for impossível, pode-se fazer uso de medicamentos antidepressivos, sob orientação de um psiquiatra" completa Maria de Fátima.

Apesar da importância do rápido diagnóstico da depressão em crianças e adolescentes, para uma melhor qualidade de vida, aprendizagem, desempenho no trabalho e ajuste pessoal, esse problema não tem sido devidamente observado. Estudos norte-americanos revelam uma incidência de depressão em aproximadamente 0,9% entre os pré-escolares, 1,9% nos escolares e 4,7% nos adolescentes. Mas esses números são demasiadamente otimistas. Dados concretos sobre o assunto ainda não estão disponíveis.

O que se sabe é que depressão é uma doença grave e, se não for curada, pode acarretar consequências significativas para a vida do indivíduo. Quando ocorre em crianças o problema passa a ter uma dimensão maior, pois pode influenciar na idade adulta. O melhor que os pais têm a fazer é passar mensagens positivas, dando segurança e elevando a autoestima do filho, sempre incentivando e estimulando seu crescimento. Amor e carinho, em qualquer situação, sempre é o melhor remédio.

A depressão é uma doença grave e, se não for tratada, pode acarretar conseqüências significativas para a vida do indivíduo. Quando ocorre em crianças o problema passa a ter uma dimensão maior, pois pode influenciar na idade adulta.

Serviço: Maria de Fátima do Amaral Medeiros Câmelo Psicóloga infantil
e-mail: emercam@hotmail.com

Fonte: Odisseu - http://www.hebron.com.br/sua-saude/#texto

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