“Nada é. Tudo está.”

12/08/2013

O STRESS, a DEPRESSÃO e a INFLAMAÇÃO



Qualquer que seja o estado inflamatório representa sempre uma resposta do organismo a uma agressão sofrida. É, efetivamente  uma maneira de o organismo exteriorizar, como um aviso, o abuso. Ao fazermos uma analogia em relação aos nossos estados emocionais, podemos observar que, muitas vezes, estamos em "estado inflamatório”. 

Assim, viver durante muito tempo sob stress psicológico pode prejudicar a capacidade do corpo de responder às inflamações. O stress é o estado de alerta em que o organismo entra quando encontra algo que requer mais esforço ou concentração. Por exemplo, atravessar rapidamente a rua quando um carro vem na nossa direção. Este é um exemplo do stress adaptativo, que prepara-nos para reagirmos aos estímulos do dia a dia.

Todavia, o stress faz mal quando prolonga-se por mais tempo que o necessário, ou quando não justifica-se. É um exemplo comum quando vivemos preocupados, de forma excessiva com o trabalho, e de forma a estimular tanto tempo o cérebro, causando um desequilíbrio.

É importante reiterar aqui, que o stress provoca um aumento da produção do cortisol, que é uma hormona que controla o nosso biorritmo, e que, também, reduz as nossas inflamações e estimula a nossa imunidade. Quando os níveis de cortisol estão baixos, sentimos dores constantes, inflamamos por qualquer motivo e, por conseguinte, desenvolvemos um cansaço muito além do normal. Esse cansaço é chamado de “fadiga adrenal”. Para que melhor entendam, o mecanismo da fadiga funciona da seguinte forma: no início do stress, a glândula suprarrenal aumenta a produção de cortisol, mas com a permanência do estímulo a própria glândula dessensibiliza-se e a produção do cortisol começa a diminuir. O corpo percebe isso como se não pudesse mais descansar. Para o nosso corpo, é como se não houvesse mais diferença entre dia e noite, e o estado de alerta fosse constante. Com a persistência deste processo, surgem os problemas mais graves: insônia, depressão, obesidade, fadiga crônica, aumento do risco de enfartes, trombose e uma notável baixa de imunidade.

Em primeiro lugar, deve-se avaliar o quanto o stress está a comprometer a saúde física do corpo. E se já houver desequilíbrio hormonal e sinais inflamatórios, é preciso tratá-los em primeiro lugar.
O tratamento pode levar de seis meses a dois anos para que o organismo atinja o seu equilíbrio ideal.

Para reequilibrar as glândulas suprarrenais, existem várias áreas a tratar: 

- Reduzir as tensões que afetaram a função adrenal; 

- Abrandar imediatamente o ritmo de vida;

- Exercício durante 30 minutos diários. Andar a pé, fazer yoga, alongamento, natação, entre outros. Mudar drasticamente a dieta;

- Obter pelo menos oito horas de sono por noite;

- Fazer uma alimentação equilibrada e racional;

- Exercícios que favorecem o relaxamento: ler, escrever, cantar, meditar, entre outros.

O nosso sistema imunológico pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento da depressão. As pessoas deprimidas tendem a ser mais susceptíveis a doenças infecciosas. Mas, a correlação, também pode funcionar no sentido oposto. As pessoas gravemente doentes têm taxas de depressão de 5 a 10 vezes maior. Poderia ser decorrente da inflamação subjacente a uma resposta comum corporal.

Muitos são os estudos científicos que têm demonstrado que pessoas com depressão ou transtorno bipolar, com doença física ou clinicamente saudável, apresentam níveis mais elevados de inflamação. Descobriu-se, também, que os pacientes deprimidos que mostraram-se mais resistentes aos tratamentos tradicionais (como a terapia ou medicamentos inibidores seletivos da serotonina) parecem ter taxas especialmente altas de inflamação. E, nos estudos dos últimos anos, quando são inibidas as “citocinas” inflamatórias (células de sinalização encontradas em ambos os sistemas - imunológico e nervoso) parecem ajudar a aliviar os sintomas depressivos. 

Vamos observar como isto processa-se num ciclo vicioso:

- Trauma, stress, maior vulnerabilidade a parasitas e a toxinas;

- Os sinais de stress aumentam a inflamação;

- Com o risco de inflamação, as células tentam proteger-se ( podem surgir sintomas depressivos );

- A serotonina é inibida, enquanto a dopamina continua igual já que esta encontra-se ligada à inflamação - gerando epinefrina ou adrenalina (hormona do stress e da sobrevivência), e norepinefrina ou noradrenalina (suprime imunidade e tenta resolver a pseudo-inflamação);

- Com pouca serotonina os sintomas aumentam, e com eles os sinais de inflamação.

Tal como se sabe, a psicoterapia e a hipnose tratam-se de opções de tratamento muito aconselhadas, mesmo para os casos em que é necessário o uso de medicamentos convencionais. Os tratamentos medicamentosos baseiam-se no uso de ansiolíticos, tipicamente os benzodiazepínicos. No entanto, a psicoterapia é uma alternativa mais eficaz do que a toma continua de medicação, quer sejam ansiolíticos ou antidepressivos. A psicoterapia pode ajudar a mudar a forma de ver determinadas situações, fazendo com que a pessoa doente sinta-se menos ansiosa e/ ou deprimida. É, também, possível aprender técnicas para diminuir a ansiedade, como respiração consciente (que indico no meu mural), entre outras ferramentas.

Reiterando: a inflamação é uma resposta dos organismos vivos a uma agressão sofrida. É uma maneira do organismo exteriorizar, como um aviso, a agressão. Muitas vezes somos nós que agredimo-nos a nós próprios, principalmente no contexto emocional. 

Em suma, caro leitor e subscritor - espero que tenha compreendido a importância de melhor gerir e diminuir essas auto-agressões (stress e depressão) que influenciam os nossos estados inflamatórios. Esta informação é tão importante, tão indispensável, tão valiosa... e isso, para sermos capazes de opinar e decidir. Porque é a cada um de nós que cabe tomar as decisões que a nós, à nossa vida e à nossa saúde, dizem respeito!


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