Se antes
pegava bem você bancar a durona e tomar remédio só quando a situação ficava
insuportável, hoje a orientação é controlar a dor quanto antes com o analgésico
certo. Mas, se as crises se repetirem, cuidado! O uso indiscriminado pode
transformar aliados em vilões. A anestesiologista Fabiola Minson, diretora da
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), orienta como ter só o lado
bom desses medicamentos
O
analgésico contra dor de cabeça funciona para dor nas costas?
Não. Há
três classes de analgésicos: os comuns (dipirona, paracetamol), os
anti-inflamatórios (aspirina, ibuprofeno, diclofenaco) e os opioides (tramadol,
fentanil). A primeira é indicada para dores em geral, leves e moderadas, como
dor de cabeça eventual. Os anti-inflamatórios combatem dores nas costas
decorrentes de inflamação. Porém, se a dor for resultado de uma contração
muscular, o médico pode combiná-lo com um relaxante muscular. Já a terceira
classe serve para dores fortes e persistentes, mas por causar dependência, tem
a venda controlada.
De que modo
eles agem?
Os
anti-inflamatórios diminuem a inflamação que detona o processo doloroso. Os
comuns e os opiodes bloqueiam a transmissão dos impulsos da dor no sistema
nervoso central.
O uso
frequente oferece risco à saúde?
Sim.
Consumidos de maneira indiscriminada, os analgésicos causam danos silenciosos
ao estômago, fígado, rins e intestino. Quando você descobre, o estrago já está
feito! Por isso a importância da prescrição por um médico, que deve
recomendá-los como u dos recursos disponíveis. O tratamento da dor envolve
outras medidas como exercício bem orientado, que promove a liberação de
endorfinas, consideradas analgésicos naturais.
Eles aliviam dores musculares provocadas pelo excesso de exercício?
Tanto os
analgésicos comuns quanto os anti-inflamatórios são eficientes para atenuar
esse tipo de dor. Mas evite criar o hábito de exagerar no treino e apelar para
um analgésico. Se ficar dolorida depois de malhar, tome um banho morno ou faça
compressas quentes no local, além de rever a prática e adotar alguns cuidados
básicos, como corrigir a postura, aquecer o corpo por mais tempo e alongar no
final da aula.
É verdade
que podem fazer a dor piorar?
Em excesso,
podem provocar um efeito rebote. Há, inclusive, dor de cabeça por abuso de
analgésicos. Se antes ela passava com um comprimido, depois só cede com dois,
três e assim progressivamente. O organismo vai ficando tão habituado ao remédio
que deixa de acionar seus mecanismos naturais de controle da dor. Então, em vez
de ajudar, ele desencadeia as crises.
Quando vale a pena ir ao médico em vez de apelar para os analgésicos?
Sempre que
a dor for intensa e repentina ou, de leve a moderada, com duração superior a
três meses - mesmo que não seja diária, mas que prejudique as atividades
rotineiras (trabalho, sono, lazer).
Tem hora certa para tomar o comprimido?
Não. Mas as
dores crônicas devem ser tratadas regularmente - não espere a crise se
instalar.
É perigoso
misturar bebida alcoólica com analgésico?
Os opiodes
não combinam com álcool. Mas os anti-inflamatórios e os comuns, em baixas
doses, admitem bebida com moderação - uma taça de vinho, no máximo!
Qualquer
pessoa pode usá-los?
Depende.
Quem tem problemas no fígado ou é alérgica a determinadas substâncias deve ter
cuidado na escolha do analgésico ou qualquer outro remédio. Você também precisa
descobrir qual é o melhor para seu organismo: investigação que deve ser feita,
de preferência, com ajuda médica.
Fonte: www.boaforma.abril.com.br
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