Dá, sim,
para pôr um fim ao incômodo, que atrapalha a vida (até a sexual!) e faz a
barriga inflar como um balão
Travou. De
novo. Você já nem se lembra qual foi sua última ida ao banheiro? Intestino de
mulher é coisa complicada mesmo. Cheio de caprichos, fica preguiçoso ao menor
sinal de turbulência emocional - medo de perder o emprego, ciúme do namorado,
desânimo com os quilos a mais. Pode também desandar. A prisão de ventre, porém,
é a queixa mais frequente. Além do óbvio desconforto, o acúmulo de gases infla
a barriga e derruba o visual.Tudo o que mulher nenhuma quer, certo? Será que
existe algo de novo no front para atacar o mal? O que há, na verdade, é um
estudo de fôlego que confirma o que já se suspeitava: incluir atividade física
na rotina provoca efeitos mecânicos no intestino, aumentando o fluxo sanguíneo
em toda a região abdominal, melhorando o tônus muscular e favorecendo, assim,
os movimentos que fazem o órgão funcionar todos os dias. A megapesquisa,
conduzida pela Oxford University, na Inglaterra, estudou o estilo de vida de
20630 homens e mulheres e comprovou a influência dos exercícios para um bom
ritmo intestinal. Estes são os quatro melhores:
1. Pular corda. Vinte minutos é o suficiente para aumentar o fluxo
sanguíneo para o intestino. Se você estiver fora de forma, suas pernas e
joelhos vão se ressentir. Por isso, comece a pular um pouco por dia sobre um
tapete macio, para amenizar o impacto, e vá aumentando o ritmo gradativamente.
Também vale pular sobre uma minicama elástica (sem a corda, claro!)
2. Caminhar rapidamente. O tempo ideal para movimentar os órgãos do trato
digestivo fica entre 35 e 45 minutos.
3. Praticar ioga. As melhores posturas são as que contraem o abdômen e as
flexões para a frente.
4. Ficar de cócoras. Nessa posição - e com o tronco curvado para a frente
o máximo que puder -, você "acorda" o intestino. Algumas práticas,
como a ioga e a ginástica natural, exercitam esse movimento, mas você pode
fazê-lo em casa uma vez por dia, durante mais ou menos um minuto.
A vida sem
amarras
Adotar
estes bons hábitos diários é obrigatório
• Pratique atividade física
• Faça as refeições em horários regulares
• Beba de oito a dez copos de água
• Inclua fibras no cardápio, comendo verduras, legumes, frutas e cereais integrais
• Tome iogurtes probióticos e/ou leites fermentados
Coisa de
mulher
Nós tendemos a sofrer quatro vezes mais com essa chateação do que os homens.
Por quê? O Estudo SIM Brasil - Saúde Intestinal da Mulher, feito pela Federação
Brasileira de Gastroenterologia (FBG) em parceria com a Danone Research, centro
de pesquisa da empresa de produtos lácteos, investigou 3500 mulheres de dez
cidades brasileiras e chegou a quatro conclusões principais, que confirmam
aquilo que nós, mulheres, já sabíamos.
1. O intestino tem forte influência sobre nossas emoções. Stress,
nervosismo, ansiedade e raiva podem dificultar os movimentos peristálticos que
levam ao esvaziamento do conteúdo intestinal. "O órgão é o segundo local
do corpo com maior enervação e funciona como uma caixa de ressonância dos
sentimentos", explica o gastroenterologista José Galvão Alvez, presidente
da FBG. "Por isso, é o que mais sofre a somatização - um processo pelo
qual distúrbios de origem emocional se traduzem em algum tipo de mal-estar
físico."
2. O sexo feminino está sujeito a estímulos hormonais que influem no
funcionamento do intestino. Para você ter uma ideia, no período de ovulação,
entre o décimo e o 16º dia do ciclo menstrual, quando aumenta o nível de
progesterona (o hormônio que prepara o corpo para a gravidez), diminuem os
movimentos do tubo digestivo. Por isso fica tão difícil fazer o número 2 nesse
período.
3. A constipação está diretamente relacionada a comportamentos sociais.
Quantas vezes você já não adiou a ida ao banheiro, apesar da vontade, porque
não estava em casa, porque saiu da rotina, por pura pressa, para não se retirar
no meio de uma reunião de trabalho ou por achar que tinha outras prioridades?
"Quem age assim envia ao cérebro a mensagem de que a necessidade fisiológica
deve ser reprimida", fala a psicóloga Pamela Magalhães, especialista
clínica e hospitalar. "Isso acaba condicionando o intestino a não
funcionar."
4. Hábitos alimentares também têm tudo a ver com o problema. Dieta pobre
em fibras, aliada a baixo consumo de líquidos, retarda o trabalho intestinal. E
quanto mais tempo as fezes permanecem presas, maior será a dificuldade de
expulsá-las. Isso porque o bolo fecal aumenta a cada dia. "Embora não haja
estudos científicos conclusivos sobre o papel das fibras na prevenção de
doenças inflamatórias, tudo indica que elas ajudam a eliminar toxinas
irritantes das paredes do órgão - toxinas que, em tese, podem levar ao risco de
câncer", diz José Galvão Alvez. Esse grande mapeamento da saúde intestinal
feminina no país constatou que duas em cada três mulheres sofrem algum tipo de
distúrbio intestinal - com prevalência de prisão de ventre, gases, inchaço e
sensação de peso. Entre as pesquisadas, 57% declararam que o problema afeta a
vida sexual, 69% relataram alterações de humor e 50% queixaram- se de cansaço e
perda de concentração. O desconforto mexe também com a autoestima. O acúmulo de
gases faz a barriga crescer e aparecer, você se sente feia, a última das
criaturas. E, aí, cadê clima para o romance entre quatro paredes? A vida sexual
vai para o brejo.
Tema tabu
O tema é
tratado como um tabu pelas próprias mulheres. Dificilmente tocam no assunto.
Segundo o estudo, 75% das pesquisadas não ficam à vontade para mencionar o
problema nem mesmo para o médico de confiança. "É como se o intestino não
fizesse parte do corpo feminino", observa a psicóloga Pamela Magalhães.
"Esse distanciamento explica por que tantas mulheres se referem ao
intestino como uma terceira pessoa. Falta criar mais intimidade com esseórgão e
é preciso ter claro que emoções mal resolvidas se traduzem em prisão de
ventre." A antropóloga Mirian Goldenberg aponta aspectos culturais e
sociais como corresponsáveis pelos problemas intestinais. "Desde criança,
a mulher vai assimilando o conceito de que fazer cocô é algo sujo e inveja o
homem porque faz xixi em pé e não corre o risco de pegar doença no vaso. Ela
sente vergonha se numa festa for flagrada dirigindo-se ao banheiro. Quer
preservar uma autoimagem de princesa cor-de-rosa, um ser etéreo que não tem necessidades
fisiológicas e nem gases solta." É preciso se libertar dessas amarras que
provocam a prisão de ventre, proclama. De que maneira? "Levando a vida com
mais leveza, pondo mais humor em tudo o que fizer, deixando de sofrer porque
soltou um punzinho durante o sexo!", diz a antropóloga. Intestino não tem
vontade própria. Quem tem de estar no comando é você. Então, nada de minimizar
o problema e achar que vai passar sozinho. Não vai. Faça a sua parte. Do
contrário, você vai perdendo a vontade de ir ao banheiro. E aí o distúrbio pode
até virar doença crônica. Para que o intestino funcione direitinho, siga o
roteiro dos hábitos saudáveis de alimentação e atividade física. E, aí, adeus
prisão de ventre!
Fibras para
que te quero
Elas dão a
maior força para o intestino - a recomendação é ingerir cerca de 25 gramas por
dia. Estas são algumas das boas fontes
• Farelo de trigo (1/2 xícara de chá): 24 g
• Chia (1/2 xícara de chá): 21 g
• Pinhão (10 unidades): 7 g
• Goiaba (unidade média): 5 g
• Pão integral (2 fatias médias): 5 g
• Batata-doce (unidade média): 4 g
• Brócolis (pires de chá): 3 g
• Quinua (1/2 xícara de chá): 3 g
• Flocos de aveia (1/2 xícara de chá): 3 g
• Pipoca pronta (1 ½ xícara de chá): 2 g
Solúveis ou
insolúveis?
"Ambos
os tipos de fibras beneficiam o intestino", responde a nutricionista
Vanderlí Marchiori, vice-presidente da Associação Paulista de Fitoterapia. As
insolúveis, que não são absorvidas pelo corpo, aumentam o volume das fezes e
facilitam a eliminação. Estão nas verduras, legumes, farelos, cereais e grãos.
"Feijão e grão-de-bico devem ser consumidos sem sua película natural, que
apresenta um fator antinutricional, que não é digerido, fermenta e forma
gases", explica a nutricionista. As fibras solúveis, que se ligam à água,
formando uma espécie de gel no intestino, são encontradas na aveia, na maçã, na
laranja, no limão, na lima, na pera e nas leguminosas. Como absorvem água, é
preciso beber muito líquido para que cumpram seu papel. "As frutas que mais
colaboram com o intestino são a manga, o maracujá e a maçã com casca", diz
Vanderlí.
Tire suas
dúvidas
O intestino
precisa funcionar todos os dias?
Não dá para precisar a frequência ideal, que varia de pessoa para pessoa.
Evacuações diárias não são necessariamente normais e as menos frequentes não
indicam obrigatoriamente um problema. Na prisão de ventre, tanto pode haver uma
lentidão do trânsito, como é possível ocorrer um funcionamento diário, mas com
volume reduzido e fezes difíceis de eliminar. Por isso, é importante a sensação
de que o intestino foi completamente esvaziado
Laxantes podem ajudar?
Sim, desde que haja indicação médica. Alguns tipos são capazes até mesmo de
agravar a constipação ou provocar lesões no revestimento interno do intestino.
Posso usar laxantes homeopáticos?
Assim como os alopáticos, os medicamentos homeopáticos também podem apresentar
compostos químicos prejudiciais ao organismo quando usados sem orientação.
Os chás são eficientes?
Algumas plantas, como o alecrim, inibem a formação de gases. Outras, como a
hortelã e o ruibarbo, funcionam como laxantes naturais. Mas cuidado: ervas
também são tóxicas. As mais perigosas são a cáscara-sagrada e o sene, embora
também ajudem no funcionamento do intestino. Para qualquer tipo, a recomendação
é: tome três xícaras por dia, no máximo.
Suplementos de fibras são eficazes?
Sim, ajudam no trânsito intestinal e até dão saciedade, mas não devem
substituir frutas, legumes, verduras e cereais integrais - as principais fontes
de fibras solúveis e insolúveis. Os suplementos são bons coadjuvantes de uma
dieta com déficit de vegetais. Os mais comuns são os pós à base de casca de
maracujá, uva, maçã, chia, e farelo de aveia.
Fonte: www.boaforma.abril.com.br
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