Calor,
umidade, resistência baixa. É tudo do que a candidíase precisa para levá-la à
loucura. O que talvez você nem imagine é que suas escolhas à mesa podem
favorecer o ataque. Saiba como recuperar o controle da situação
Difícil
escapar. Pelo menos uma vez na vida três em cada quatro mulheres sentirão uma
coceira desesperadora nas partes íntimas, acompanhada de ardor e corrimento
esbranquiçado. Culpa do fungo Candida albicans, de longe a principal causa de
infecção vaginal. Presente na superfície da pele e no trato digestivo de
pessoas saudáveis, em geral ele é inofensivo até encontrar duas condições
ótimas para se reproduzir: calor e resistência baixa. No verão, a vagina fica
mais quente e úmida, criando um hábitat favorável à sua multiplicação. Ainda
assim, como esse tubo elástico é dotado de eficiente mecanismo de defesa, a
"colônia" pode ser neutralizada. Mas quando medicamentos
(antibióticos, corticoides, laxantes), infecções como uma simples gripe, má
alimentação ou o stress desequilibram a flora vaginal, a dona cândida invade
tecidos e faz estragos. Pior é quando esses episódios de "incêndio
íntimo" vão e vêm. Em pelo menos 40% das atingidas, as crises são
recorrentes. "Acandidíase de repetição em geral decorre de algum
hábito errado", alerta o ginecologista José Bento, dos hospitais São Luiz
e Albert Einstein, ambos em São Paulo. "Em vez de usar os cremes ou óvulos
vaginais antifúngicos de rotina, vale a pena revisar seus hábitos com o seu
médico." Segundo o ginecologista, a dieta merece destaque nessa avaliação,
pois dependendo do que come, você está alimentando seu inimigo.
Fora,
açúcar!
Quem é do
tipo formiga tem boas razões para se preocupar. "O açúcar altera o pH da
vagina de modo a favorecer a proliferação dos fungos", diz José Bento.
Assim, é preciso restringir doces, balas em geral, mel e produtos
industrializados adoçados, caso dos refrigerantes e sucos de fruta. E não
estranhe se o desejo de doce aumentar. "As diversas substâncias que os
fungos produzem e liberam no processo de digestão despertam em nós a vontade de
consumir os alimentos úteis à sobrevivência deles", explica Alessandra
Almeida, nutricionista do Rio de Janeiro.
Mas o açúcar não é o único vilão. Outros carboidratos refinados e simples, como
macarrão, pão e arroz brancos, também fazem a alegria dos fungos que causam a
candidíase. Por ter digestão rápida, esses alimentos logo elevam a taxa de
açúcar no sangue, daí a importância de serem substituidos pelas versões
integrais, ricas em fibras. Esses alimentos, porém, devem ser evitados se você
tem sensibilidade ao glúten (proteína do trigo, cevada, centeio e aveia). Assim
como quem apresenta alergia à lactose ou soja, precisa suspender produtos à
base de leite ou do grão. "Nessas pessoas, o consumo regular de
substâncias com potencial alergênico pode causar um desequilíbrio na flora
digestiva, favorecendo o crescimento dos fungos", diz Alessandra. Mas é
preciso avaliar caso a caso.
Devagar com
as frutas
Em excesso,
a frutose (açúcar das frutas) pode ser nociva. Essa substância também é
encontrada no xarope de milho, largamente usado na indústria alimentícia. Por
isso, confira na embalagem e passe longe dos produtos que abusam desse
ingrediente. Mas você não precisa abrir mão de um alimento tão saudável quanto
as frutas frescas. Consuma de três a quatro porções por dia, dando preferência
àquelas com baixo índice glicêmico (morango, pera, pêssego, maçã e ameixa) - ou
seja, que são absorvidas mais lentamente. Você adora manga, melancia, caqui e
uva? Suspenda essas frutas, que têm digestão rápida, pelo menos nas fases em
que a candidíase não estiver dando sossego. Esqueça também os sucos de fruta
muito concentrados, pois a taxa de frutose tende a ser alta. Faça o mesmo com
as frutas secas que recebem adição de açúcar (banana passa, figo e abacaxi
secos) ou são vendidas a granel. "As frutas que ficam muito tempo expostas
ao ar e à claridade favorecem a proliferação dos fungos", alerta a
nutricionista.
Na lista
negra
É ainda
mais importante você manter distância de pães (e outras massas que levam
fermento biológico, caso da pizza), queijo gorgonzola, vinagre, vinho e
cerveja. "São alimentos e bebidas fermentados pela ação de fungos, o que
pode confundir o sistema imunológico e desequilibrar os microrganismos que
vivem naturalmente no intestino", diz Fábio Bicalho, membro do Centro
Brasileiro de Nutrição Funcional. Os produtos em conserva (picles e palmito),
embutidos e todos os cogumelos (do champignon ao shiitake) também estimulam o
crescimento fúngico e, portanto, devem ser evitados quando a candidíase entra
em cena.
Mais
aliados
A boa
notícia é que existem alimentos com ação antifúngica comprovada, merecendo
lugar de destaque no cardápio. São eles: orégano, alecrim, tomilho, alho e
cebola. "Procure consumi-los todos os dias, em diferentes pratos e
refeições", orienta Fábio. Sugestão: polvilhe nas saladas, sopas e nos
molhos, de preferência no final do cozimento. Outras boas pedidas são as
sementes de abóbora e os óleos de orégano e de coco extravirgem (use o primeiro
para temperar pratos salgados e o segundo batido no iogurte). A romã é mais uma
aliada: prepare um suco com a polpa e as sementes.
Os lactobacilos reorganizam a flora intestinal e, por isso, também são grandes
aliados contra os fungos inimigos. Esses probióticos (bactérias do bem) são
encontrados em iogurtes e queijos (verifique na embalagem). "Esses
produtos, no entanto, devem ser evitados por quem tem sensibilidade à
lactose", lembra Alessandra. É por isso que muitos nutricionistas acham
mais seguro prescrever probióticos em sachê ou cápsula.
E os prebióticos? Capazes de nutrir as bactérias benéficas do intestino, eles
também são bem-vindos para deixá-la mais resistente. A lista inclui biomassa de
banana verde (pode ser adicionada no suco e na salada de frutas) e batata yacon
- tubérculo originário dos Andes com o poder de reduzir a taxa de açúcar no
sangue e deve ser consumido cru como uma fruta. Folhas verde-escuras, verduras
e legumes, alimentos integrais, frutas frescas, peixe, frango orgânico, raiz da
chicória e alcachofra também são essenciais na dieta anticandidíase. "Eles
equilibram a flora intestinal deixando o ambiente menos atrativo para os
fungos", diz Fábio, que sugere ainda o suco de cranberry. "Essa frutinha
vermelha tem ação reconhecida contra as bactérias que provocam infecção
urinária, mas também dificulta a ação dos fungos da candidíase." Sementes
de chia e linhaça, assim como quinua e aveia, são úteis por outras razões:
ajudam a reduzir o índice glicêmico da refeição, evitando picos de açúcar no
sangue e, com isso, diminuem o risco dos fungos se manifestarem. Já as nozes,
amêndoas e castanhas-do-pará reforçam as defesas do organismo contra esses e
outros invasores. Porém, armazenadas de maneira inadequada, as frutas
oleaginosas podem trazer fungos e toxinas que tendem a aumentar o risco de
candidíase. Nesse caso, fuja delas!
Fonte: http://boaforma.abril.com.br
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