PROFESSORES
E O DÉFICIT DE ATENÇÃO - Tainah
Medeiros
Os
professores passam longas horas do dia com as crianças na sala de aula, e por
isso muitas vezes são os primeiros a perceberem nelas os sintomas deTDAH (Déficit
de Atenção e Hiperatividade). Consequentemente, seu papel é importantíssimo na
orientação que deve ser dada aos pais, mas não significa que eles estão aptos a
fazerem diagnósticos.
Para a
psicóloga Roseli Caldas, da Abrapee (Associação Brasileira de Psicologia
Escolar e Educacional), a suspeita que muitos professores têm de que seus
alunos possuem TDAH pode ser infundada, já que em uma “sociedade hiperativa”
como a atual, as crianças têm inúmeros estímulos ao mesmo tempo, o que pode
distrai-las. Além disso, a desatenção constantemente se dá em função de aulas
enfadonhas, pouco estimulantes, distanciadas da realidade e sem atender às
necessidades reais da criança .
“As
atividades propostas às crianças devem fazer sentido para elas, o que irá
possibilitar maior chance de motivação, atenção e interesse. É preciso
conhecer e buscar compreender quais as razões da aparente desatenção. Sempre
estamos focando nossa atenção em algo. Se não é na aula, é preciso identificar
em que a criança está escolhendo manter a atenção e por quê”, afirma a
psicóloga.
Outra
questão recorrente é que muitos pais são excessivamente permissivos, têm
dificuldade de estabelecer regras e limites sociais, e seus filhos acabam
facilmente “confundidos” com portadores de TDAH. “Isso é quase um álibi, uma
vez que parece mais aceitável socialmente que o filho seja portador de TDAH do
que tido por ‘mal educado’”, afirma Caldas.
A psicóloga
sugere algumas alternativas para quem precisa trabalhar com grupos grandes de
crianças:
* Aproveitar
as crianças que aprendem com mais rapidez para que auxiliem seus colegas. É o
conceito de “pares mais hábeis”, utilizado pelo psicólogo russo Lev Vigotski,
representante da Psicologia Histórico-cultural e que tem sido muito relevante
para a compreensão dos fenômenos educacionais pela psicologia escolar
contemporânea;
* Utilizar
diferentes técnicas e metodologias. Há os que aprendem melhor ouvindo, os que
precisam manipular, os que gostam de falar enquanto aprendem;
* Estabelecimento
regras de convivência em conjunto com as crianças. A participação na
criação das regras é fundamental para o cumprimento e adesão às normas.
Limites, organização e boas relações são fundamentais para que os processos de
ensino e aprendizagem se deem de modo eficaz;
* Vínculos
afetivos entre educadores e educandos. Este é, muitas vezes, o caminho para se
conseguir a aproximação das crianças e seu envolvimento com o conhecimento. Um
professor rude, sem paciência, sem senso de humor terá mais dificuldade para
manter a atenção de seus alunos. O “tom” do que se desenvolverá precisa ser
dado pelo professor, afinal, ele é o responsável pela educação. Entretanto, a
participação e aproximação dos alunos devem fazer parte do cotidiano escolar.
Fonte: www.drauziovarella.com.br
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