“Nada é. Tudo está.”

14/04/2012

8 supervilões da dor nas costas

A maioria das fisgadas que abalam a sua coluna (e o seu humor) tem cura. Mas, para que o tratamento seja um sucesso, é preciso descobrir a razão por trás do martírio

ESTIMA-SE QUE 80% DA POPULAÇÃO MUNDIAL AINDA TERÁ DOR NAS COSTAS EM ALGUM MOMENTO DA VIDA

A maioria das pessoas só percebe que precisa proteger mais sua coluna (ou que ela existe) quando as dores começam a incomodar e a limitar a realização de tarefas... E é justamente esse descaso com a região que sustenta o nosso corpo que prejudica o tratamento e o alívio desse incômodo. Felizmente, na maior parte dos casos (80% deles), a dor nas costas não dura mais do que três meses e desaparece, com ou sem medicação, segundo o médico Jamil Natour, professor de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Neste caso, “o paciente obrigatoriamente tem que mudar o estilo de vida. Parar de fumar, emagrecer, alongar, cuidar da postura e ficar calmo”, receita José Goldenberg, reumatologista do Hospital Albert Einstein e autor do livro “Coluna, Ponto e Vírgula”. Mesmo assim, não devemos subestimar o problema, porque as causas da dor são múltiplas e vão desde simples vícios de postura até a presença de doenças graves.

Cabe ao médico avaliar os sinais de alerta. Se existirem, é necessária uma maior investigação da causa e do melhor tipo de intervenção.” Os sinais de perigo são febre, perda de peso, histórico de trauma, quando a dor piora com repouso e quando o primeiro episódio ocorre em crianças ou após os 60 anos. Conheça a seguir os oito vilões que mais abalam a sua estrutura:

TABAGISMO, sempre ele
Pouco se fala a respeito, mas o cigarro, além de todos os prejuízos já conhecidos à saúde, também pode afetar o bom funcionamento da coluna vertebral. Segundo os médicos, a dor nas costas costuma tornar-se crônica mais freqüentemente entre os fumantes. A teoria é a de que os discos situados entre as vértebras e que funcionam como amortecedores para os impactos são irrigados por vasos capilares, que, por sua vez, são afetados pelo tabaco. Ou seja, o fumo atrapalha a circulação do sangue nessa região.

DEFORMIDADES na coluna
Escoliose, hiperlordose e hipercifose podem ser um fator de risco ou a origem da dor, mas só se tornam causa do problema quando associadas a outros aspectos. Um exemplo é quando a musculatura flácida deixa de oferecer sustentação para a coluna. A gravidade varia conforme o ângulo de curvatura.
A escoliose é caracterizada como um desvio lateral da coluna. Pode ocorrer já na infância, com maior freqüência em meninas e, nesse caso, exige tratamento rápido para evitar deformidade óssea e artrose no futuro. Escolioses de até 10 graus de angulação ocorrem em até 3% da população. O Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), órgão ligado ao Ministério da Saúde, alerta: crianças que carregam mochilas muito pesadas correm o risco de desenvolver postura incorreta e apresentar desvios na coluna vertebral. O peso das mochilas não deve ultrapassar o limite de 10% do peso da criança.
Já a hiperlordose é a lordose (curvatura normal da coluna) exagerada. É caracterizada pelo bumbum arrebitado e mais comum em mulheres, tanto que o salto alto é um agravante.
O problema, geralmente, é bem tolerado, mas, às vezes, pode causar dor. Neste caso, é preferível circular com os glúteos em posição normal, sem forçar a saliência, para o bem da coluna. Já a hipercifose é aquela corcundinha que aparece com freqüência ainda na adolescência, quando os jovens tentam disfarçar a altura ou, no caso das meninas, os seios fartos.

O INCÔMODO NA INFÂNCIA É INCOMUM. PODE SIGNIFICAR PROBLEMAS SÉRIOS, COMO TUMOR OU MALFORMAÇÃO CONGÊNITA

ALONGAR-SE TRÊS VEZES POR SEMANA DIMINUI EM 15% AS CHANCES DE LOMBALGIA

o peso da GRAVIDEZ
Até cerca de 50% das mulheres grávidas sofrem de dores na coluna. Porém, os médicos perceberam que a dor é pior no primeiro trimestre. Atualmente, muitos especialistas acreditam que a causadora da dor é a mudança hormonal. Um hormônio relaxaria e diminuiria o tônus da musculatura, especialmente da pélvis. “Esse problema é muito comum. Acontece muito. Mas não é normal. Sentir dor não é normal”, diz Arnaldo Libman, autor do livro “Cure sua Coluna”.
Engordar demais força as estruturas osteoarticulares e também responde por dor. Neste caso, a postura também tem sua cota de participação, especialmente com o hábito da grávida de jogar a barriga para a frente e o quadril para trás. Libman recomenda à futura mamãe procurar um médico, especialmente porque o tratamento de grávidas é mais complexo, uma vez que elas devem evitar medicamentos fortes. Para resolver o problema, exercícios adequados, hidroterapia e até uma cinta de sustentação podem ser indicadas.

OBESIDADE
Para afetar a coluna, não é necessário entrar na categoria de obeso. Cada 10 quilos a mais do que o recomendado aumenta em 20% o risco de dor nas costas.
Ou seja, a cada 2,5 quilos somados, cresce em 5% a chance da pessoa vir a sofrer de dor nas costas. 

SEDENTARISMO, fuja dele
O sedentarismo também tem sua parcela de responsabilidade. O exercício físico alonga e fortalece os músculos, lubrifica as articulações e nutre os discos. Por outro lado, é preciso certa cautela. Alguns exercícios podem aumentar as dores ou piorar o estado de quem já sofre com o problema. Portanto, é necessário escolher a atividade adequada e começar devagar. Boas opções são caminhadas, natação, bicicleta (atenção à postura!), alongamentos e fortalecimento da musculatura. Os abdominais, além de deixar a barriga tanquinho, ajudam a coluna.
A idade também pesa sobre a coluna. Aos 20 anos, uma pessoa tem os discos compostos por 70% de água. Com o passar do tempo, além de sofrerem desgaste, perdem água.



POSTURA reta
A principal causa de dor nas costas é a postural mecânica. “Essa é a causa mais comum de dor aguda. A pessoa leva uma vida sedentária e fica em uma posição ruim o dia todo”, afirma Ari Radu Halpern, presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia.
A capacidade da coluna adaptar-se a essa espécie de ‘ginástica’ postural equivocada é limitada. Não é por falta de uso. Somente a cervical (parte superior da coluna) realiza 600 movimentos por hora, um a cada seis segundos. Boa postura não é só conseguir carregar um livro na cabeça sem deixar cair, como ensinavam nossas mães e avós.
A forma como você trabalha no computador, como fica sentado, como abaixa para pegar um objeto que caiu, como dorme, como carrega peso..... Cada atividade exige consciência corporal, pois apenas entrar no carro ou se jogar na cadeira pode lesionar sua coluna. Em geral, a dor nas costas de origem mecânico-postural melhora com repouso.

CAUSAS emocionais
O estresse da vida moderna cobra seu preço muitas vezes por meio da coluna. Um dia de pressão e sobrecarga de trabalho, aquela sensação de carregar o mundo nas costas, por exemplo, pode tensionar as delicadas estruturas da coluna e desencadear a dor
Os especialistas sabem que os sintomas dolorosos nessa região podem ser conseqüência de problemas emocionais. “Emoções negativas podem se manifestar como dor”, diz Arnaldo Libman, reumatologista e diretor do Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo, no Rio. “É freqüente a junção de alterações físicas e emocionais em pessoas que têm problemas de coluna”, afirma em seu livro “Cure sua Coluna”.
O estresse e a depressão também são provocados pela dor nas costas, em um círculo vicioso complicado. Com o problema, a pessoa deixa de trabalhar e isso provoca sentimentos negativos. Por isso, o aspecto psicológico e emocional precisa ser considerado antes, durante e depois do tratamento.




HÉRNIA DE DISCO, OSTEOPOROSE E ARTROSE SÃO CAUSAS DAS DORES NAS COSTAS QUE APARECEM TARDIAMENTE

atenção às DOENÇAS
Segundo especialistas, existem até 100 doenças que podem causar dor nas costas. A hérnia de disco é uma das mais freqüentes. Ocorre pelo deslocamento de um disco intervertebral, que passa a comprimir um nervo, causando dor. Os especialistas afirmam que mais de 95% dos casos dispensam cirurgia, ocorrendo absorção do disco após fisioterapia e tratamento clínico. Entre as doenças metabólicas, se destaca a osteoporose, que é a diminuição da densidade da massa óssea. É mais comum em mulheres que entram na menopausa e atinge cerca de 10% dos homens acima dos 50 anos. Para detectar o problema, é preciso fazer o exame de densitometria óssea. O tratamento envolve atividade física, suplemento de cálcio, vitamina D e medicamentos.

Outra doença que causa muitas dores é a artrose, considerada uma doença degenerativa que acomete as vértebras e o disco intervertebral. Ela é muito comum em pessoas com mais de 45 anos. Além dessas, doenças reumáticas, infecciosas, inflamatórias (como artrite e espondilite) e até a presença de tumores podem provocar problemas na coluna.

OS TRATAMENTOS
Ari Radu Halpern, presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia, é taxativo:
“Cada causa tem um tratamento diferente”. Segundo ele, como muita gente acaba se curando naturalmente, surgem receitas milagrosas para a coluna.
“O grande erro é partir para o tratamento antes de obter um diagnóstico”, afirma. Os profissionais mais indicados são o médico reumatologista, fisiatra ou ortopedista. As principais formas de tratamento são: medicamentos, pilates, RPG (reeducação postural global), acupuntura (que atua principalmente no sistema nervoso), massagem, hidroterapia (terapia na água) e órteses (apoios para proteger ou dar suporte à articulação).
Fisioterapia ou RPG trabalham o corpo com exercícios adaptados para cada problema. Focam no conjunto de músculos e na postura. Arnaldo Libman dá dicas em seu livro “Cure Sua Coluna” para o alívio imediato da dor após uma lesão: aplicar compressas de gelo é melhor do que banhos quentes, pois impede o excesso de inflamação. Em relação à distensão, alternar compressas geladas e quentes é recomendável. Essas dicas valem para lesões, mas, se após dois ou três dias a dor não ceder, é melhor procurar um médico. Outra recomendação importante: remédios e qualquer outro tipo de intervenção para aliviar os incômodos na coluna costumam resolver as crises temporariamente. Se não houver mudanças de hábitos, porém, a dor pode voltar — e, além disso, tornar-se crônica.

Fonte Revista Viva Saúde

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