“Nada é. Tudo está.”

11/08/2012

Refresco contra a dor

chamada
A hortelã-pimenta entrou na lista de fitoterápicos do SUS como remédio para tratar a Síndrome do Intestino Irritável. Mas a planta tem muitos outros poderes.
A hortelã-pimenta (Mentha x piperita L.) é a mais nova integrante da lista de fitoterápicos disponíveis no Sistema Único de Saúde, que agora oferece à população medicamentos à base de 12 plantas medicinais. Rica em vitamina C, a hortelã já é conhecida por dar uma força no alívio dos sintomas de gripes e resfriados, mas na relação do SUS ela aparece com a indicação para tratamento da Síndrome do Intestino Irritável (SII). Este problema afeta 10% dos brasileiros (a maior parte, mulheres) e tem como sintomas: dores abdominais, diarreia ou prisão de ventre.

A inclusão da hortelã na lista do SUS veio um ano depois da divulgação de um estudo, feito na Austrália, que comprovou pela primeira vez que a erva, de fato, alivia a dor dos pacientes com a síndrome. Pesquisadores da Universidade de Adelaide observaram que a Mentha x piperita L. ativa um canal anti-dor no cólon (parte do intestino grosso), reduzindo a sensibilidade das fibras intestinais. São elas que sofrem horrores quando a pessoa ingere, por exemplo, temperos como mostarda e pimenta. A descoberta, publicada no jornal Pain(Dor, em português) é o primeiro passo para determinar um novo tratamento para a síndrome, afirmaram os cientistas.

Na época da divulgação do estudo, os pesquisadores enfatizaram que o consumo de alimentos gordurosos e condimentados, além da ingestão de cafeína e de álcool, não é o único fator que explica o aparecimento da síndrome. “Parece haver uma ligação entre a SII e a ocorrência anterior de gastroenterite, o que deixa as fibras do intestino mais sensíveis”, disse o coordenador do estudo Stuart Brierley, especialista em dores do trato gastrointestinal. A gastroenterite é caracterizada por inflamações causadas por vírus, bactérias e parasitas que contaminam a água e os alimentos.

E aqui também a hortelã pode ajudar. A planta é dotada de um princípio ativo, chamado óxido de piperitenona, capaz de eliminar amebas e giardias, causadoras de dores de barriga, vômitos e diarreia. “A ação da hortelã como antiparasitário é conhecida no meio acadêmico pelo menos desde 1985, mas desde muito antes já era considerada pelo povo como boa para combater vermes”, afirma o agrônomo fitopatologista, Jean Kleber Abreu Mattos, professor da Universidade de Brasília. Em seus estudos, Mattos já atestou altas concentrações de óxido de piperitenona em três espécies: Mentha spicata, Mentha suaveolens e Mentha x villosa. Mas quem tem pressão baixa deve ter cuidado. “Estudos apontam o óxido de piperitenona como tendo uma possível ação vasodilatadora”, alerta Mattos. Diante das particularidades de cada pessoa, é indispensável conversar com um especialista antes de fazer uso da planta.

OUTRAS VARIEDADES PROMISSORAS

Hyptis crenata: esta é outra espécie de hortelã que pode virar remédio contra a dor. Pelo menos essa foi a conclusão preliminar de um estudo da pesquisadora brasileira Graciela Silva Rocha, pós-doutoranda pela Universidade de Newcastle, na Inglaterra. Em um experimento feito com ratos, a cientista observou que uma dose de chá de hortelã teve o mesmo efeito da endometacina – uma substância analgésica e anti-inflamatória.

Mentha spicata: sua ação antimicrobiana foi comprovada pela cirurgiã dentista Iza Teixeira Alves Peixoto, em sua tese de doutorado na Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Ela descobriu que o óleo essencial da hortelã combate o fungo causador do “sapinho”.  E o melhor é que a Mentha não afetou o metabolismo das células epiteliais, agindo apenas no fungo. O estudo é importante porque várias pesquisas já demonstraram que a eficácia dos agentes antifúngicos usados atualmente, como o fluconazol, vem diminuindo devido à resistência microbiana.

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