Estudos
sugerem que o simples fato de sorrir pode reequilibrar o sistema nervoso
autônomo, que se torna menos sensível ao estresse. Pode aumentar o fluxo
sanguíneo do cérebro e estimular neurotransmissores favoráveis – especialmente
nas horas mais difíceis, defende o mestre Jean-Yves Leloup. Segundo ele, quando
estamos deprimidos – a vida não é fácil todos os dias – é possível fazer um
esforço para sorrir até mesmo sob as cinzas. “A propósito de um texto sobre as
etapas da meditação, o sorriso de Buda não é falso, é um sorriso que vem
através das provações, é uma vitória interior sobre o absurdo”, destaca. “Há
ainda outros esforços conscientes para melhorar nossa atitude, que suscitariam
respostas favoráveis ao organismo.
Por
exemplo falar lenta e docemente pode diminuir o ritmo cardíaco. Pode-se
questionar o fundamento científico dessas afirmações, mas há alguns anos eu pude
verificar tudo isso no Vietnã, um país onde os rios e a terra foram contaminados
por todos os tipos de produto. Como pesquisadores, perguntávamos como um povo
tão contaminado pode reagir de uma maneira tão positiva e sobreviver com
alimentos que teriam, provavelmente, envenenado fatalmente outras pessoas? Ao
viver entre eles, pude vericar a força do sorriso. São pessoas que sabem dizer
não com um sorriso. Isso é algo interessante. Trata-se de saber lutar contra
seu inimigo, reclamar justiça e ao mesmo tempo não se deixar contaminar pela
raiva e pelo ódio”. Para o teólogo, dizer não com um sorriso protege o indivíduo
e culmina num resultado mais assertivo. “Lembro-me de um estudo realizado com
dois grupos de dirigentes de empresas, que se confrontavam com situações muito
estressantes.
Os
dirigentes que mantiveram uma boa saúde tinham uma maneira diferente de
considerar e enfrentar as conjunturas difíceis. Encaravam as mudanças boas e
ruins como elementos inevitáveis da vida, que representavam, para eles,
ocasiões de aquisição de novas experiências, ao invés de uma mera ameaça à
segurança. Estamos diante de uma antiga palavra grega, Kairós. Existe Kronos,
que é o tempo que devora seus fi lhos, que nos envelhece e destrói. Há também
Kairós, que quer dizer, literalmente, a ocasião; fazer de tudo o que nos
acontece uma ocasião favorável, para desenvolver a própria consciência, para
tornar-se mais humano. É como um teste para verificar o que temos em nossas
profundezas. Em algumas tradições espirituais, as provações não são
consideradas somente ruins; são ocasiões para crescer conscientemente e também
em paciência, que é uma forma elevada de amor. Quando falamos da Paixão de
Cristo, nos referimos à paciência de Cristo e de como Ele transformou cada uma
das provações que encontrou em uma ocasião para salvar a humanidade, para
salvar o que havia de mais humano nele.”
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